Sempre existiu uma lacuna na sociedade brasileira em relação à desigualdade social. O Brasil nunca passou, em seus 500 anos, por um período de igualdade entre classes, e assim a população foi se constituindo e hoje enfrenta um processo de desenvolvimento marcado pelo início da história do país, tentando superar as diferenças para construir uma sociedade justa e igualitária.
A educação hoje tem papel fundamental para que esta realidade seja revertida, todos têm capacidade de pensar, estudar e refletir, desenvolvendo assim sua inteligência, entretanto caímos na questão de que as oportunidades de estudo são ainda diferentes para as várias camadas da sociedade brasileira. Apesar de toda modernidade que nos rodeia e da alta tecnologia, ainda não podem ser comprovadas as possibilidades para que os cidadãos exerçam a cidadania, usufruindo seus direitos e praticando com dignidade seus deveres.
Pode-se considerar então que o não acesso aos direitos básicos significa também que uma grande parcela da população não tem voz ativa no processo de desenvolvimento humano estabelecido pela sociedade. Fica claro que esse grupo social encontra-se apartado de momentos importantes que permeiam o conjunto da sociedade, ou seja, está excluído, não usufrui de todos os bens e serviços que lhe são de direito.
Eis posta à questão: o povo continuará inerte a desigualdade que o aflige? Continuará adaptado a um sistema que o exclui e o explora? Se as respostas a estes questionamentos fossem contrárias, seria dado o primeiro passo para uma grande mudança ideológica, governamental e prática dentro da realidade econômica brasileira, do contrário, a reprodução do sistema capitalista irá continuar, e a proposta neoliberal de governo, longe de nos levar a modernidade, nos levará a ter profundas dificuldades para que todos os seres humanos tenham dignidade e possam exercer de fato a cidadania.
Nós, profissionais da educação, somos grandes responsáveis para que o conhecimento possa chegar a todos os cidadãos, para que os indivíduos passem a ser politizados e capazes de obter um pensamento crítico diante da realidade na qual estão inseridos, somos os atores principais para propor ações eficazes para o resgate de uma cidadania consciente, onde os deveres dos cidadãos são cumpridos em sua totalidade e os direitos usufruídos com dignidade.
Fernanda Paro
Realidade de Poços de Caldas. Necessário se faz que as comunidades lutem por seus direitos.
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