23/08/2011 09h00 - Atualizado em 23/08/2011 10h02
Vitória em cada passo: otimismo de uma corredora contagia a Meia do Rio
Myla Vitacchi
sofre de uma doença rara, mas sua grande dedicação à corrida lhe dá forças para continuar sonhando com uma milagrosa recuperação
Myla se refere a uma doença muito rara, degenerativa, conhecida como cisto de Tarlov, que atinge os discos da coluna vertebral. Na época, Myla foi diagnosticada quando não conseguia mais andar. Foram nove meses com muitas dores e incertezas. A operação era arriscada, os remédios muito caros e a pressão arterial ficou muito alta.
A situação começou a mudar quando seu cardiologista a incentivou a caminhar para diminuir a pressão causada pelo cisto. As dores vinham sendo suas companheiras constantes, mas Myla seguiu em frente. Andava com dificuldade, depois foi melhorando, e a caminhada virou corrida.
- Tudo isso que está acontecendo tem me feito crescer e ver que tenho que voltar ao médico para retomar os exames. Sinto dores todos os dias, mas é algo suportável. Eu me acostumei a dor. E, também, elas diminuíram muito de intensidade. Antes, quando eu não fazia musculação doía muito mais. Hoje, com a musculação, faço treinos longos e volto quase sem dor. Eu sei que com o passar do tempo provavelmente ele vá piorar, mas estou lutando dia a dia para me manter ativa e controlar meu estado psicológico para não entrar em depressão com nada e, assim, não pressionar o cisto.
(Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)
- Não sei por quanto tempo conseguirei correr. Posso correr hoje e amanhã não levantar mais da cama.
Ao conhecer Myla, a angústia da dúvida e as dores que a acompanham não parecem acometer essa lutadora. Simpática, sorridente e determinada, a mineira de Poços de Caldas esbanja otimismo. Ela sabe que exames futuros podem trazer boas notícias, mas acredita que a felicidade que a corrida lhe proporciona é um fator positivo na luta contra a doença.
- Quando vêm me perguntar conselhos, eu falo que primeiro é cuidar da cabeça. Se a cabeça não estiver boa, tudo é mais difícil – diz Myla, que faz questão de deixar claro que a corrida não é tratamento para o mal em si, mas acredita que isso a deixa feliz, o que seria arma poderosa contra o crescimento do cisto.
E é com essa vibração que Myla se preparou para os 21 quilômetros da Meia do Rio. Concentrada, mas bem humorada, ela definiu seu sentimento:
(Foto: Alexandre Durão/Globoesporte.com)
Myla usa um relógio com GPS e cronômetro e vai sempre acompanhada de música.
- Faço uma lista para cada corrida, seleciono as músicas olhando a altimetria. Se for prova mais longa, vou colocando de músicas mais lentas até rápidas, encaixando com a corrida.
Durante a prova, a corredora disse que não pensou em desistir momento algum. Myla tem uma relação com a corrida que não é igual a dos amadores que buscam o alto desempenho, apesar de se dedicar diariamente. Ela até se preocupa com tempo e performance, mas não como objetivo principal. Só o ato de correr, para Myla, já é a maior felicidade, e é assim que ela segue em frente, quilômetro por quilômetro.
Lá estamos de novo na chegada da Meia Maratona, com a Myla comemorando sua vitória. Dessa vez, a mineira venceu. Venceu a dor, o cisto e completou a prova.
Medalha mais que merecida para essa guerreira.
Parabéns!!!
ResponderExcluirVai correr muitas Meia Maratonas.
bjs